KFC

Bem vindo ao site do Knife Fighting Club.

O KFC é um clube nascido da união de pessoas interessadas em aprender, desenvolver e aprimorar seus conhecimentos e habilidades no uso de lâminas curtas para defesa pessoal e combate.

Neste site compilamos material para estudo teórico, a ser discutido e testado em nosso treinos.

Não aconselhamos tentar aprender algo válido de ser posto em prática apenas acompanhando a parte teórica aqui apresentada. Para tanto, recomendamos treinamento com instrutores responsáveis.

Ou ainda, juntar-se a nós, e aprendermos juntos.



NÃO ACONSELHAMOS NINGUÉM A TENTAR UTILIZAR UMA FACA PARA DEFESA PESSOAL.

NUNCA ESQUEÇA, PUXAR UMA FACA É UM BOM MOTIVO PRA TOMAR UM TIRO.

UMA FACA NÃO INTIMIDA NINGUÉM, A NÃO SER SUJA DE SANGUE.

MAS AÍ, A MERDA JÁ TERÁ SIDO FEITA.



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domingo, 29 de junho de 2014

Davide Lupidi - EM AGOSTO NO BRASIL

CULTURA MARCIAL POPULAR ITALIANA

Paralelamente aos grandes personagens que povoam os livros de História, aos tratados dos mestres de armas e aos protagonistas do Renascimento, temos que relembrar também uma outra realidade: as tradições de combate de origem popular (existem várias delas em cada país latino. Um exemplo disso é o "Manual del Baratero", o mais antigo texto espanhol sobre combate com faca e outras ferramentas, de 1849).

Na Itália do sul, no entanto, nascem as primeiras sociedades secretas "rurais", muitas inicialmente surgidas para o povo se auto proteger, e que sucessivamente se tornaram associações mafiosas ainda hoje existentes. Dentro dessas realidades se desenvolveram várias escolas de combate e as armas usadas eram aquelas do povo, que se adaptava a combater com os instrumentos da vida cotidiana, sobretudo o bastão e a faca, os objetos mais comuns.

Foi nesse cenário, com a Itália meridional fragmentada em feudos e sujeita ao domino estrangeiro e ás intervenções interessadas do Papa (que ainda tinha poder temporal), que a faca começou a ser considerada também instrumento simbólico de pertencer ao clã, fácil de esconder e transportar.

DUELOS E ESCOLAS

O duelo ritual (o “Dever”) era a prova inicial obrigatória para entrar em muitas organizações, e era feito sob o olhar atento dos anciãos que deveriam aprovar o novo afilhado (eram geralmente duelos de “primeiro sangue”, que se concluíam com a primeira ferida). O duelo era usado também para resolver várias “Questões” (de dinheiro, de jogo, de mulheres ou de honra), e este tipo de duelos concluíam-se quase sempre com a morte.

Criaram-se escolas diferentes segundo a família, a região, as preferências para os golpes de cortes ou de ponta, os tipos de facas utilizadas ou os movimentos mais ou menos atléticos... e cada estilo era cuidadosamente guardado e protegido, ensinado em círculos fechados e longe de olhos estranhos. Conhecer até somente um pequeno truque a mais poderia fazer a diferença entre vida e morte, e nada era trascurado.

A PRÁTICA ANTIGA

Em quase todas as escolas se usava no treino um bastãozinho chamado “Fusto” para simular a faca, e quando os alunos eram bastante experientes o treino se aproximava sempre mais à luta real. A dita “Tirata” (desafio de treinamento) podia ser “a tempo di scuola”, ou seja, com regras e limites de segurança, ou “a chi più ne sà”, que literalmente quer dizer “a quem sabe mais” (implicitamente significava a ausência de regras formais).

A prática era arriscada e ao “Fusto” era muitas vezes aplicado um prego que poderia furar ou rasgar superficialmente, ou então podiam até ser usadas facas reais cuja lâ mina era “allacciata”, ou seja, enrolada com uma corda grossa que deixava fora somente a ponta e que deveria impedir a penetração da arma e as feridas mortais (um método obviamente muito discutível e bem pouco confiável).

TRADIÇÕES NÃO DUELISTAS

Além das tradições marciais que pertencem à esfera duelista, existem em várias regiões italianas sistemas para o uso de faca e bastão para se defender (de bandidos, de lobos, ou até em "brigas de taberna"). Possuem muitas vezes did´ticas interessantes, que aproveitam de cordas (ou outras ferramentas) para explicar os conceitos do estilo.
Era comum o uso de pedras ou casacos (para proteção) junto à faca.

O INTERESSE NA MODERNIDADE

Muitos sistemas italianos (e de outros países de raíz latina) de esgrima com faca e bastão começam agora a serem conhecidos, valorizados e divulgados, juntamente aos nomes de exponentes de várias escolas tradicionais (presentes sobretudo no sul da Itália, principalmente nas regiões da Apúlia e da Sicília, mas também em outras regiões do norte da península). Vários mestres estão ainda em atividade e ensinam métodos praticamente completos, conservados no tempo, mesmo se hoje em dia sem as práticas cruéis que pertencem ao passado contexto histórico.

Muitas vezes não é possível reconstruir estilos ou conhecer algumas escolas que se perderam, mas podem ser encontrados fragmentos de práticas marciais perdidas dentro de manifestações folclóricas como danças e músicas do sul da Itália, onde é bastante presente a imagem da arma branca e do duelo, entre outros símbolos típicos relacionados.

FOLCLORE

Um exemplo de marcialidade ressuscitada em forma de manifestação folclórica é a Pizzica Scherma, Danza Scherma ou “dança das espadas”. Pode ser vista na noite de São Roque, entre 15 e 16 de agosto, em cidades do sul da Itália como Torrepaduli, onde duplas de dançarinos se desafiam em duelos simbólicos ao ritmo dos tambores e com a música da Pizzica tradicional.

Antigamente a dança era perigosa, pois era feita usando facas reais e se aproximava muito de um duelo de verdade, que podia acabar mal mesmo estando em clima de festa. Hoje isto é proibido e os dançarinos imitam a faca usando a mão vazia, com os dedos indicador e médio esticados.




Davide Lupidi

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